Pandemia no Trânsito

Com uma frota de mais de 127 mil veículos, Marabá precisa de respeito e responsabilidade no trânsito.

Marabá tem, atualmente, uma frota com mais de 127 mil veículos. São muitos carros, motos, caminhões e ônibus circulando todos os dias pelas ruas da cidade. Com tantos caminhões, camionetes, veículos de passeio e motos, o número de acidentes também é expressivo. Isso causa uma espécie de pandemia no trânsito.

A campanha Maio Amarelo, de conscientização, traz como tema deste ano: “Respeito e Responsabilidade: pratique no trânsito”.

O objetivo é chamar atenção sobre como a impaciência e a intolerância refletem nas atitudes das pessoas quando estão dirigindo.

Para ajudar a diminuir a grande quantidade de acidentes nas vias de nossa cidade, a gente precisa mesmo de respeito e responsabilidade.

Durante este mês, os veículos de comunicação do Grupo Correio trazem dados e curiosidades sobre o trânsito local, como forma de aderir à campanha do Movimento Maio Amarelo de 2021.

O diretor do DMTU, Jocenilson Silva, observa que a campanha de 2021 “reflete bem toda nossa atual vivência no trânsito: muita impaciência e intolerância. É preciso parar e refletir como o trânsito representa o nosso atual estado de espírito. Por isso, o Maio Amarelo quer fazer pensar: será que é preciso ser assim?”, conclui Ramalho.

É assim, pensando no outro e fazendo por todos, que esperamos trazer mais consciência e harmonia para o transitar de todos os marabaenses, com respeito e responsabilidade, se colocando no lugar do outro, praticando os preceitos de uma sociedade educada e empática.

O movimento Maio Amarelo nasceu em 2014 e fomenta uma ação coordenada entre o poder público, iniciativa privada e sociedade civil para discutir o tema segurança viária com o objetivo de reduzir os acidentes e mortes no trânsito. Apesar da redução do número de mortes nos últimos anos, o trânsito brasileiro ainda mata milhares de pessoas todos os anos.

Na campanha do Maio Amarelo deste ano, o Grupo Correio conta com o apoio da Sinobras e DMTU.

Repórter do CORREIO testa o simulador de direção e comete várias infrações “no trânsito”

Transformação pela educação

Portfólio do Sest Senat em Marabá oferta cerca de 600 cursos para motoristas. Os mais procurados são de transporte de passageiros e produtos perigosos

Marabá conta com um espaço importante de educação para o trânsito. É o Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), instituição que oferece aos trabalhadores saúde, esporte, lazer e desenvolvimento profissional.

Com a missão de transformar a realidade dos trabalhadores do transporte e dos seus dependentes, o Sest Senat contribui para elevar a educação profissional e a promoção da saúde e da qualidade de vida. A unidade local está localizada no Bairro São Félix.

Atuando no setor da educação há mais de 11 anos, Rafaela de Oliveira é coordenadora de Desenvolvimento Profissional do Sest Senat na unidade de Marabá, há 2 anos. Apaixonada pela educação, ela afirma que em média, 200 profissionais passam pelas salas de aula – físicas ou online – da unidade a cada mês.

Atualmente, o Sest Senat Marabá possui 30 colaboradores. Além disso, a unidade dispõe de um espaço amplo com piscinas, quadras e quiosques. Com espaço para estudo e lazer, os trabalhadores do transporte possuem um ambiente aconchegante para desfrutar com a família.

“Além disso, temos em nosso portfólio aproximadamente 600 cursos. Mas, o que a gente oferece e que tem muita procura são os de transporte de passageiros, produtos perigosos, cargas indivisíveis, transporte escolar, entre outros”, afirma a coordenadora, reconhecendo que os anos de 2020 e 2021 são desafiadores, por conta da pandemia do novo coronavírus.

Educação profissional

O atendimento aos profissionais do transporte, em especial aos motoristas, tem uma peculiaridade: a escala de trabalho. Para conseguir atender e dar suporte a esses alunos, Rafaela explica que é preciso proporcionar dias diferenciados e horários flexíveis das turmas.

“Muitas vezes nossas aulas são aos finais de semana, outras em feriados e, geralmente, as turmas acontecem à noite, porque é o horário que eles conseguem estudar, já que trabalham o dia todo ou viajam a semana inteira. Nossa maior dificuldade é a conciliação de horários”, sustenta.

Segundo Rafaela, inicialmente os alunos chegam até a unidade do Sest Senat por causa de uma obrigatoriedade da legislação de trânsito em ter de realizar ou atualizar um curso.

“Muitas empresas exigem alguns cursos, então, no decorrer das aulas a gente vai percebendo o poder da educação e como ela vai mexendo com alguns conceitos que eles têm. Isso muda completamente, pois acabam ficando para fazer outros cursos não obrigatórios e vão entendendo o quanto é valioso estudar para a profissão deles”, conta ela, emocionada.

Rafaela Oliveira: “Os cursos mais procurados são de transporte de passageiros, produtos perigosos, cargas indivisíveis e transporte escolar”

Redes sociais

No atual momento em que o país e o mundo se encontram, as redes sociais estão cada vez mais em alta. Assim como as empresas, os alunos tiveram de se adaptar com as inovações e com as aulas em formato de ensino a distância (EAD).

“Agora no mês de maio vamos ter lives para interagir com outros lugares do Brasil, e entender como os profissionais de outros estados estão atuando neste segmento. A gente tem muita informação através das redes sociais, seja no Instagram, no Facebook ou no Youtube”, explica a coordenadora, que enfatiza que as portas do Sest Senat estão abertas, sejam elas físicas ou virtuais.

Valorização do motorista

Essenciais para a economia, os caminhoneiros movimentam as estradas do País, levando alimentos, medicamentos, vestuário, entre tantas coisas que precisamos no dia a dia. Essa classe trabalhadora é vital para o funcionamento do Brasil, e isso foi percebido quando eles pararam.

Para Rafaela de Oliveira, esse olhar só foi possível quando afetou grande parte da população. “Quando eles paralisaram parte do nosso País, vivemos que essas figuras, até então invisíveis, são os responsáveis por trazer comida até a nossa casa”.

Aos motoristas – sejam eles de cargas ou passageiros – Rafaela pede que todos tenham um olhar de respeito para essa profissão, que é tão digna e pouco valorizada.

O Sest Senat dispõe até mesmo de um veículo simulador para que os motoristas treinem suas habilidades

“Eles deixam a família em casa, passam dias e dias viajando, pedindo a Deus que retornem para suas casas. A gente sabe que correm riscos nas estradas, seja por conta de acidentes ou por roubos. São fatores inerentes à profissão deles. A gente precisa reconhecê-los, e é isso que buscamos fazer todos os dias quando eles chegam até aqui”, finaliza.

Os motoristas que trabalham com carteira assinada têm atendimento gratuito no Sest Senat. Os trabalhadores autônomos, como taxistas, mototaxistas, motoristas por aplicativo, podem se associar e pagam apenas uma contribuição mensal no valor de R$ 27,50 para participar de todas as atividades, incluindo cursos, com acesso aos serviços de odontologia, psicologia, nutrição e fisioterapia, além da escola de esportes.

Sest Senat Marabá em números

56
cursos no portfólio
56
motoristas na sala de aula/mês
56
cursos no portfólio
56
colaboradores

Novas regras de trânsito

Desde o dia 12 de abril deste ano, motoristas e pedestres passaram a conviver com uma série de novas regras inseridas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Nessa data, entrou em vigor a Lei 14.071, de 2020, com mais de 50 alterações feitas na legislação pelo Congresso Nacional a partir de iniciativa do Poder Executivo.

O texto (PL 3.267/2019), aprovado em setembro do ano passado pelo Parlamento, foi sancionado com 12 vetos pelo presidente Jair Bolsonaro, em outubro, e agora entra em vigor, após um prazo de seis meses de vacância.

Os brasileiros ainda estão se adaptando a situações com as quais não estão acostumados: um veículo poderá, por exemplo, fazer conversão à direita no cruzamento, mesmo com o sinal na luz vermelha, se houver placa indicando a permissão. Tal prática é comum nos Estados Unidos e em países da Europa, mas no Brasil, até agora, só era permitida excepcionalmente e em locais bem específicos.

Para os motociclistas, há pelo menos uma mudança relevante: crianças na garupa, só a partir de dez anos de idade, e não mais aos sete, como permitido anteriormente.

O projeto aprovado no Congresso chegou a reduzir a mobilidade das motocicletas, autorizando sua circulação nos corredores de carros somente quando o trânsito estivesse parado ou lento. O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, não concordou com tal limitação, e o veto acabou sendo mantido pelos parlamentares.

Polêmicas

De autoria do Executivo, o PL 3.267/2019 começou a tramitar em junho de 2019. A proposta chegou ao Congresso com algumas questões polêmicas, parte delas modificada por senadores e deputados, e seguiu para sanção 15 meses depois.

Inicialmente, o texto eliminava a multa para condutores que transportassem crianças sem o uso da cadeirinha de retenção, substituindo-a por uma advertência por escrito. Os parlamentares não gostaram da ideia e alteraram a proposta. A cadeirinha continuará obrigatória, mas para os pequenos com até 1,45 metro ou dez anos de idade. A norma anterior exigia até os sete anos.

A proposição original ainda dobrava a pontuação para a suspensão da CNH, dos atuais 20 para 40 pontos em 12 meses. A iniciativa também não agradou aos congressistas, que optaram por um sistema progressivo, subindo o limite para 40 pontos somente para condutores que não cometerem infração gravíssima dentro de um ano.

Os legisladores também não aceitaram a proposta inicial do presidente Jair Bolsonaro de extinguir a obrigatoriedade do exame toxicológico para motoristas profissionais. Eles não só mantiveram o teste, como criaram uma infração específica para quem não realizá-lo após 30 dias do vencimento do prazo estabelecido.

Lições do vanzeiro Miqueias

Há mais de 20 anos dirigindo pelas estradas do Estado do Pará, Miqueias Soares de Araújo, 42 anos, acabou se tornando motorista por necessidade. Hoje, se orgulha da profissão exercida com tanto zelo e amor. Mas a caminhada até aqui não foi fácil. E os cuidados redobrados são diários.

Após um período trabalhando no escritório da antiga Rede Celpa, em Belém, Miqueias se viu desempregado. À época, já casado e com uma filha pequena pra criar, recebeu o convite de uma irmã – que possuía uma rota em uma empresa de micro-ônibus – para trabalhar como motorista, fazendo a linha Marabá-Itaituba.

“Vim pra cá por necessidade mesmo. Fiquei trabalhando de 2000 a 2003 fazendo esse trecho, mas chegou um ponto que eu não estava mais aguentando por causa da precariedade da estrada. Era muito perigosa, muito atoleiro. Na época do inverno, levávamos sete dias para chegar em Itaituba. Então tudo isso fez com que eu decidisse sair de lá, porque sofria muito na estrada”, relembra.

Foi então que Miqueias decidiu “fazer negócio” em outra empresa de micro-ônibus, a Coopasul. Comprou uma cota da cooperativa e virou sócio proprietário. Atualmente, faz várias rotas para cidades do sul e sudeste do estado.

“A situação atual das estradas é muito perigosa, tá só buraco. O fluxo de carretas para Xinguara, por exemplo, está muito grande devido à soja que sai do Mato Grosso e vem para o porto de Abaetetuba. Nós, motoristas, temos de trabalhar com prevenção, estamos transportando vidas”.

Educação no trânsito

Com uma parceria entre a Coopasul e o Sest Senat, os motoristas da cooperativa possuem atendimentos gratuitos nos serviços prestados pela unidade, entre eles, cursos voltados para a área do transporte.

“Eles sempre nos orientam, falando que o motorista precisa trabalhar com prevenção, para que não haja acidente. No Sest Senat já fiz o curso preparatório de transporte de passageiros – que os órgãos fiscalizadores exigem que tenhamos – e dentro desse curso há outras aplicações, como direção defensiva, prevenção de acidentes e o modo como tratar os passageiros”, afirma o motorista, que nunca se envolveu em um acidente de trânsito durante o longo tempo em que trafegou pela Transamazônica e nem nas estradas da região sudeste, atualmente.

Na cooperativa da qual faz parte, Miqueias integra a diretoria do Conselho de Ética e assegura que o trabalho de educação junto aos outros motoristas é feito de forma assertiva.

Ele explica que uma das cláusulas do estatuto da Coopasul é a advertência, caso o motorista seja flagrado dirigindo utilizando o celular. Após a advertência, se o condutor for pego novamente, ele é suspenso do trabalho até que o conselho deliberativo se reúna e decida quais as medidas serão tomadas. “Usar o celular enquanto dirige é um perigo, pois tira toda sua atenção”.

Atualmente, segundo ele, a Coopasul possui 82 veículos transportando passageiros na região.

Em trânsito

“Eu tenho muito orgulho da minha profissão. Ser motorista é o sustento da minha família, mas tem um lado que não é tão bom, que é a saudade de casa. Tenho duas filhas que amo muito e toda vez que saio de casa, peço a Deus que me dê a oportunidade de voltar e abraçá-las de novo”.

Miqueias explica que a vida na estrada não é fácil, que muitas vezes o carro quebra por conta das péssimas condições das estradas, pneu estoura em um local que não pega celular, não havendo como entrar em contato com a família ou pedir socorro.

Casado com Érica e pai de Giovana e Micaela, o motorista explica que mesmo com as dificuldades das estradas precisa continuar seguindo viagem. “A minha profissão é perigosa, mas preciso sair para trabalhar e sustentar minha família”.

De motorista para motorista

Nós rodamos nas estradas, então precisamos ter o máximo de atenção. Há motorista que transporta vidas, outros que transportam cargas. É importante que a gente tenha muita atenção e evite acidentes. Quando um motorista é imprudente e causa um acidente, deixa uma família chorando. Precisamos cuidar do nosso veículo, realizar as manutenções preventivas necessárias e que tenhamos cuidado com a vida e atenção na estrada

Miqueias Soares de Araújo

Números que preocupam em Marabá

A imprudência de motoristas no trânsito causa aproximadamente 90% dos acidentes no Brasil e no mundo. A causa mais comum é a falta de atenção, seguida pela desobediência às regras de trânsito, como velocidade incompatível e consumo de álcool.

A imprudência de motoristas no trânsito causa aproximadamente 90% dos acidentes no Brasil e no mundo. A causa mais comum é a falta de atenção, seguida pela desobediência às regras de trânsito, como velocidade incompatível e consumo de álcool.

Contudo, muitos acidentes também acontecem por conta de rodovias com péssimas condições de trafegabilidade, sem sinalização e pavimentação.

Em Marabá, no comparativo do ano de 2020 em relação aos anos de 2018 e 2019, os números de acidentes no município diminuíram consideravelmente. Claro, havia uma pandemia no meio do caminho, ou melhor, da estrada. Com isso, as pessoas passaram a ficar mais em casa e deixaram de circular com tanta frequência pelas ruas.

De acordo com os dados informados pelo Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (DMTU), desde o mês de março – início da pandemia – é possível ver os números de sinistros de trânsito menores que nos anos anteriores.

Em 2018, Marabá registrou um total de 296 acidentes. No ano seguinte, em 2019, o município aumentou para 308 sinistros.

A diminuição desse número veio em 2020, quando foram registrados 241 acidentes, totalizando uma redução de 21,75%.

VÍTIMAS FATAIS

Assim como nas estatísticas do restante do Brasil, em Marabá quem tem mais probabilidade de morrer em um acidente de trânsito são condutores de motocicletas.

Os dados a seguir mostram o número de vítimas fatais em razão de acidentes de trânsito e que chegaram a ir para o Hospital Regional do Sudeste do Pará.

Em relação a sinistros envolvendo automóveis, em 2018 três pessoas morreram no HRSP, em decorrência de sinistros. Em 2019, foi registrada uma morte e, em 2020, ninguém morreu.

Em se tratando de acidentes por motocicletas, esse número é 3 vezes maior em todos os anos.

Em 2018 e 2019, 20 pessoas – 10 em cada ano – foram encaminhadas ao HRSP por terem se envolvido em acidentes de trânsito com motocicletas e acabaram perdendo a vida. Em 2020, esse número baixou para 9.

INFRAÇÕES

O Departamento de trânsito vem trabalhando durante todos esses anos na educação do condutor. Palestras, visitas a empresas e locais onde motoristas autônomos trabalham, para que possam fazer das vias públicas de Marabá, um local com o trânsito mais consciente.

E esse trabalho de conscientização pode ser visto através dos números. Em 2018 mais de 20 mil pessoas foram penalizadas por estarem infringindo alguma lei de trânsito. Em 2019 esse número caiu para 14.910, e em 2020 13.231 pessoas sofreram infrações.

FROTA DE VEICULOS

A cada ano, Marabá aumenta consideravelmente os números de veículos que transitam nas suas vias. Isso pode ser percebido com ruas e avenidas que antes não congestionavam e hoje vivem engarrafadas.

Em 2018, Marabá contava com cerca de 114 mil veículos. No ano seguinte, 7 mil veículos a mais começaram a trafegar na cidade, ultrapassando um total de 121 mil.

Em 2020 – início da pandemia – mesmo com a reclusa de muitas pessoas dentro de casa, a venda de automóveis e motocicletas disparou no mercado. E Marabá fechou o ano com 127.141 veículos nas ruas.

O DMTU também forneceu os números dos 4 primeiros meses de 2021, que já chegou na casa de 127.732. Ou seja, em quatro meses 591 veículos foram adquiridos ou chegaram vindos de outras cidades para rodar em Marabá.

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Publicado em 16 de abril de 2021.

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